SENAI: Uma crítica


Em toda a sua excelência tecnológica, o SENAI não se cansa de dizer que é um dos principais formadores de técnicos no país, que é a Indústria do Conhecimento. De fato, milhares de jovens e adultos são capacitados por esse sistema de ensino voltado à indústria. Esses indivíduos, agora capacitados, preenchem  vagas do mercado, acelerando e desenvolvendo a economia brasileira. 

O SENAI se orgulha disso, e isso fica mais evidente quando andamos pelos corredores do SENAI e vemos seus colaboradores repetirem esses brados a plenos pulmões: “O SENAI é a Indústria do Conhecimento”, “O SENAI forma profissionais capacitados para o mercado”, “O SENAI cria oportunidade a jovens e adultos não capacitados”, etc.

  É evidente que lutamos por um mundo mais justo, igualitário e inclusivo.  Para isso, no sistema político-econômico atual precisamos do desenvolvimento de tecnologia de ponta. Se temos desigualdade porque não temos alimentos o suficiente para distribuí-los em todo o mundo, então precisamos de mais tecnologia para produzir mais com menos, chegando a quantidade necessária para acabar com a fome no mundo. 



Partindo de outro ponto de vista, é óbvio que isso é falso, uma vez que o problema não está na produção mas sim na distribuição desses alimentos. Após longas análises chegaríamos a conclusão de que só poderíamos resolver esse problema se destruíssemos o sistema de produção atual e criássemos um novo em que a produção seja voltada às necessidades e não ao mercado, podendo assim distribuir a produção entre todos, mas isso foge do escopo desse artigo. 

Retornando dessa pequena digressão, precisamos de tecnologia, precisamos de muita tecnologia para poder, no máximo, reduzir os nossos problemas com a desigualdade, precisamos de cientistas. 

  O SENAI capacita indivíduos para o mercado, de acordo com as solicitações e as necessidades do mercado naquele momento.  Esse ótimo sistema de educação forma profissionais capacitados para operar as máquinas e atender as expectativas desse mercado - apenas isso, profissionais capacitados para operar máquinas (não importa se eles, de fato, não operam uma máquina).  Quando se capacita alguém para uma vaga que o mercado está precisando não é criado um gênio, um pensador ou um inventor, é criado apenas um operário que atenderá as necessidades do mercado naquele momento. 

Esse é o ponto central da minha crítica, o SENAI não investe em alguém para torna-lo um gênio, para resolver problemas da sociedade, investe para resolver o problema de um empresário que está sem operários capacitados. Operários só sabem o necessário, não extrapolam os limites, não pensam diferente. As universidades formam pessoas, indivíduos que em geral não querem trabalhar em uma empresa, querem mudar o mundo com soluções inovadoras. Profissionais que não querem dar a sua inteligência a um empresário por preço de banana, profissionais que querem desenvolver seus próprios meios para melhorar o mundo. 



É por isso que a formação técnica é um atraso para a humanidade, ela mantém o status quo por necessidades do mercado. As necessidades do mercado não são as necessidades da sociedade, são as necessidades que dão mais lucros ao empresário. 

  Só espero que, após esta, os colaboradores do SENAI pensem sobre os bordões do SENAI antes de repeti-los. Do contrário, continuarão sendo papagaios repetindo algo sem se dar conta do que isso realmente significa.   

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